Menor é flagrado armado no morro Santa Marta, antes da UPP
Em 2007, a entidade estimava que cerca de 15.658 menores de 18 anos exerciam atividades remuneradas para traficantes da capital e da Baixada Fluminense. Apesar da queda, o contingente de meninos envolvidos hoje com o tráfico ainda é alto: cerca de 12 mil.
De acordo com o diretor executivo do Ibiss, o holandês Nanko G. van Buuren, a redução está associada à retomada de territórios pelas forças de segurança. Muitos jovens aproveitaram a saída do tráfico da comunidade para largar o crime, diz ele. Há aqueles que ainda temem ser reprimidos pela polícia, porque não chegaram a cumprir pena pelos crimes.
- A maioria dos soldados [menores envolvidos com o tráfico] que ficou na comunidade onde foi instalada uma UPP não tem passagem pela polícia. Aqueles que já tinham ficha criminal tiveram medo e migraram para outras favelas, onde ainda há tráfico. Eles têm medo de ser presos.
A cientista social e coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Sílvia Ramos, tem percepção semelhante: muitos dos jovens que atuavam no tráfico estão ficando nas comunidades pacificadas.
- Muitos garotos que atuavam no tráfico não estão saindo da sua comunidade, porque não têm mandados expedidos pela Justiça. Muitos estão ficando e procurando emprego fora do crime. Há mais jovens ficando do que saindo das favelas pacificadas.
Fundada há 22 anos por Nanko Buuren, o Ibiss atua em mais de 500 comunidades do Estado com ações de educação em saúde. O principal trabalho da ONG é mostrar aos jovens o que existe fora do tráfico e dar oportunidades para eles largarem o crime.
Segundo dados do Iser (Instituto de Estudos da Religião), 80% dos meninos que se envolvem com o tráfico só vivem até os 21 anos. Para orientar esses meninos, a ONG conta com o apoio de “ex-soldados”.
- Temos muitos ex-soldados que trabalham conosco. Tentamos abrir os olhos desses meninos. Nós temos um programa de superação de experiências traumáticas com terapias alternativas para ajudar os jovens.
Muitos meninos começam a carreira no tráfico de drogas aos oito anos, como "olheiros" ou "fogueteiros", responsáveis por vigiar a favela e avisar os criminosos sobre a chegada da polícia ou bando rival.
Hierarquia do tráfico
Na hierarquia do tráfico, em seguida, vem o "avião" (transporta drogas), o "soldado" (com direito a armas para possíveis confrontos), o "vapor" (controla a venda de drogas em um ponto), o "gerente" (controla pontos de venda de drogas), o "chefe" (coordena todo tráfico da favela) e o "chefe de facção" (coordena o tráfico de várias favelas). Ainda há a figura do “dono do preço”, que tem a liberdade de cobrar quanto quiser pelas drogas.
Da Redação/R7
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